Além de manter a tradição do forró durante os festejos juninos, a Prefeitura Municipal de Alagoinhas, por meio da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo (SECET) e do Conselho Municipal de Cultura, realizou, nos dias 21 e 22, a segunda edição do Arraiá Rota Alternativa. O Mercado do Artesão foi palco para a apresentação de diferentes artistas com estilos musicais variados.
Não faltou rock, trap, MPB, reggae e muita energia positiva durante a ação que democratiza o acesso dos artistas em ebulição na cena cultural na cidade. “Realizar a Rota alternativa é tão importante para a Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo quanto as demais atividades que envolvem os nossos festejo juninos. Esse é um São João em que todos têm a possibilidade de participar, demonstrar os seus talentos e competências”, enfatizou a secretária Iraci Gama.
De acordo com Iraci Gama, a SECET tem o papel e a obrigação de trabalhar com esse patrimônio imaterial “que é nosso, que é vivo, que é forte e pujante. A gente deve não apenas estimular a manutenção, mas, especialmente, a criatividade e a continuidade desse trabalho. Por menos que o forrozeiro tenha, ele sempre é convidado e pago para realizar apresentações em algum lugar, seja em um grande palco, em um tablado ou no chão puro. Os artistas da Rota Alternativa não têm essas mesmas oportunidades, então, por isso, esse momento é tão importante, pois traz à tona e dá destaque a essa comunidade que é tão criativa e artística quanto as outras já conhecidas, divulgadas e produzidas”.
Em consonância com a necessidade do novo e do diferente, o Circuito Rota Alternativa permite reforçar os laços dos artistas com a cidade e com produção artística, como salienta o Presidente do Conselho de Cultura Karlinhos Zambê. “Queremos agradecer muitíssimo a população presente, assim como a figura do prefeito Joaquim Neto pelo reconhecimento da relevância de gerar renda para esses músicos e também lazer e arte para a população”.
Conforme explicou a produtora cultural Tabata Gerk, são convidados para se apresentarem na Rota, artistas que estejam com trabalhos ativos, “que já estão fazendo pela cultura da cidade e que a gente vê que está realmente movimentando a cena”. Para ela, essa é uma oportunidade também “para quem quer curtir o espírito junino, sem, necessariamente, ouvir só forró”.
Alagoinhense, Cristofer de Santana Pinto adora todos os estilos de rock e foi sozinho curtir os shows do primeiro dia. “Aqui é uma espécie de fuga, em que vim para relaxar e aproveitar o melhor essa sonzeira”.
“A Rota Alternativa é um desejo tanto da população, que curte outros estilos musicais, quanto uma necessidade de trabalho e renda para esses artistas. Alia as duas coisas e é bom para todos”, afirmou o professor e diretor de Teatro Caio Lincoln, Mestre de Cerimônias nas duas noites de shows.
Quem também comemorou o festival no Mercado do Artesão foi Maria José Lima, da Barraca Coisas da Terra. Ela disse que desde a Vila de Santo Antônio D’Alagoinha, as vendas aumentaram bastante, “então a gente só tem a agradecer. O movimento aqui ficou muito bom para a gente que é comerciante”.
Artistas em cena
Dentre os artistas que se apresentaram, destacam-se Iran, que recentemente teve projeção nacional; o Coletivo Pretas no Poder, com muita potência e força; João Sereno, compositor talentoso, com referências da MPB e do samba, fã de Gilberto Gil e Chico Buarque; além da participação da expoente Jhô Ras no Reggae Zambê; e do show de Jeremias Gomes, rebento do lendário Edson Gomes, que reafirmou a grande influência do pai no seu trabalho musical. “Ele foi um professor dentro de casa, com uma carreira brilhante. Estar em Alagoinhas é importante para reforçar a resistência do reggae. Parabenizo a Prefeitura Municipal por essa Rota Alternativa, que está trazendo também a opção de outro ambiente para o público da cidade. Isso é bacana e eu estou muito feliz por estar aqui”.
Integrante do Coletivo Pretas no Poder, Nanda Lins citou as influências da MPB, do Reggae e Soul e lembrou que o grupo foi formado para o evento Julho das Pretas, que aconteceu em 2022. “Apesar de gostar muito do forró, que é uma das bases de minhas influências, fazer o que eu gosto sem as limitações do estilo é incrível! É salutar o incentivo à cultura vindo do poder público”. Nanda ainda revelou que o show apresentado foi uma homenagem “à mana Deni Di, que fazia parte do coletivo e está passando por um momento delicado de saúde”. Parte do valor do cachê será revertido para o tratamento médico da companheira.
O clima de homenagens também perpassou a apresentação do Reggae Zambê , com um show dedicado ao Tintim Gomes, um dos ícones do reggae baiano, vocalista da primeira banda do ritmo jamaicano na Bahia, a Remanescentes do Paraguaçu. “O artista de Cachoeira esteve presente na Virada Cultural daqui de Alagoinhas e acabou falecendo em 2022”, informou Karlinhos. Foram tocados, em seu show, clássicos do Remanescentes, com a participação de um dos grandes nomes do reggae da Bahia no momento atual, a feirense Jhô Ras.
A Rota Alternativa contou com apoio dos vereadores Thor de Ninha, Anselmo Bal, Juci Cardoso e Luma Menezes. Esta última também aproveitou para curtir os shows. “É uma possibilidade de valorizarmos quem faz cultura aqui na cidade, quem está batalhando todo dia para ter uma oportunidade de ascensão, além de garantir que haja um espaço para o público alternativo”.
Revivendo grandes sucessos da memorável Legião Urbana, a banda Metrópolis trouxe ao cenário do rock grandes sucessos da banda liderada por Renato Russo, como Será, Metal contra as nuvens, Há tempos, entre outras. “Nesse repertório a gente mata aquela saudade dos anos 90, com uma nostalgia total”, declarou Júnior Nascimento, vocalista do grupo.
Fotos: Roberto Fonseca / SECOM