O Projeto Estação de Memórias chegou a Alagoinhas. Voltada para a criação de espaços de registro e difusão da memória ferroviária em municípios por onde o trem cruzou ou ainda cruza os trilhos, a iniciativa é uma realização da Agência de Iniciativas Cidadãs (AIC), com o patrocínio da VLI, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e o apoio da Prefeitura Municipal de Alagoinhas, por meio da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo (SECET).
Para realizar um desenho inicial do programa em Alagoinhas, representantes da VLI e da AIC vieram ao município na terça-feira (14), cumprindo um roteiro que incluiu um Circuito Histórico pelos principais marcos representativos do município, tais como a Igreja de Santo Antônio, a Praça JJ Seabra, a Igreja Inacabada, entre outros, e uma visita à Estação São Francisco, sede da Fundação Iraci Gama de Cultura. A equipe, formada pela Analista de Relacionamento Institucional da VLI Roberta Mathias, a Analista de Sustentabilidade da VLI Elizabeth Gomes e a gerente de projetos da Agência de Iniciativas Cidadãs Raissa Faria, esteve, ainda, no Centro de Documentação e Memória de Alagoinhas (dentro da FIGAM).
Uma escuta diagnóstica das principais demandas para o fortalecimento da memória ferroviária da cidade foi realizada na Fundação Iraci Gama de Cultura, nesta quarta-feira (15), com a presença de pesquisadores e artistas, como o artista visual Lito Silva. Para ele, “o projeto restaura uma saudade inquieta na comunidade alagoinhense porque, basicamente, ela se originou da família ferroviária e isso é uma coisa que, pouco a pouco, não vem se falando e essa memória pode ir morrendo, daí a importância de unir essa proposta com a FIGAM, pois um passarinho só não faz verão”.
A maior defensora da memória ferroviária em Alagoinhas é, sem dúvidas, a professora Iraci Gama, também secretária de Cultura, Esporte e Turismo do município e homenageada da Fundação que leva o seu nome. Relembrando o papel do trem na formação cultural, identitária e educacional da sociedade alagoinhense, ela defendeu a necessidade de preservar o patrimônio material e imaterial que alimenta a identidade da cidade e comemorou a parceria com a VLI e ACI nessa empreitada.
Além disso, a secretária Iraci argumentou o quão importante é o olhar sensível dos políticos para a causa, demonstrando a importância do investimento de recursos públicos para a manutenção dessa memória ferroviária.
“A Estação São Francisco foi inaugurada em 18 de novembro de 1880, tendo sido erguida com materiais ingleses, em sua maioria, e também franceses. Ela é a maior Estação em extensão da América Latina e esse patrimônio deveria ser preservado, em sua inteireza, pela Bahia, para atrair turistas sedentos de história e cultura, assim como o faz a Europa, que sabe a importância do passado e preserva os seus símbolos, arregimentando turistas de todo o mundo enquanto epicentro de grandes museus que guardam sua riqueza cultural e histórica”
Para o prefeito Joaquim Neto, “a memória histórica é de extrema importância para uma cidade, pois ajuda a preservar a identidade e a cultura local. Ela permite que as gerações atuais e futuras compreendam a evolução da cidade, seus marcos, tradições e acontecimentos significativos. Além disso, é vital para a valorização do patrimônio cultural, a construção de uma consciência coletiva e a promoção do turismo cultural”.
O Projeto Estação de Memórias
O Estação de Memórias visa promover um resgate da memória ferroviária, com um conjunto de ações de fortalecimento dos acervos de estações ferroviárias de importância histórica. Desse modo, o projeto reconta o passado, a partir de um processo de cocriação com as comunidades e contribui para a preservação dos patrimônios históricos, artísticos e documentais relacionados à implantação das ferrovias no Brasil.
Iniciado em 2019, a partir da estação ferroviária Bernardo Monteiro, em Contagem, o programa já passou por Matozinhos- MG, Cachoeira-BA, além de Divinópolis, Campos Altos, Três Rios-RJ e mais 7 cidades. A preservação do patrimônio histórico e da memória ferroviária é um dos pilares da estratégia de atuação social da VLI.“As estações de trem têm muita história para contar e queremos tecer essas narrativas do ponto de vista da comunidade. As pessoas precisam contar o que aquela atividade significa ou significou em suas vidas.”, expôs a coordenadora do projeto, Raíssa Faria.
De acordo com Roberta Mathias, em Alagoinhas a equipe encontrou uma situação atípica e bastante favorável, devido ao trabalho de preservação já realizado pela Fundação Iraci Gama, “então, o que a gente está fazendo é entender o que já existe em uma demanda de co-criar junto à estação de Memórias, em uma oportunidade de potencializar o que já se tem aqui”.