Com apoio da Prefeitura Municipal e idealização do mestre Nildo Morgado, os grupos de capoeira da região promoveram, no último sábado (7), a 1ª Caminhada de Impacto “O Mundo da Capoeira”.
O evento, que reuniu cerca de 500 pessoas de pelo menos 10 diferentes municípios circunvizinhos, reproduziu o trajeto feito anualmente no dia 7 de setembro, com passagem pela Praça da Bandeira, pela Praça Castro Leal e pela Rua Visconde de São Lourenço, seguida da D. Pedro II e da Praça J.J.Seabra, desembocando na Soror Joana Angélica para concentração no Mercado do Artesão.
“Nosso objetivo é propagar o esporte de modo geral e despertar a atenção da população, mostrando à sociedade que, através da cultura e da prática esportiva, é possível contribuir para a educação e para a inclusão social, que é o trabalho que a gente faz, seja na capoeira, seja nas artes marciais”, afirmou Nildo Morgado, mestre de capoeira e um dos organizadores da caminhada.
De acordo com ele, a Escola de Capoeira Expansionista, da qual é líder, atende hoje a mais de 300 alunos no município e o intuito do grupo é aumentar o alcance para a criação de academias em todos os bairros. O evento desse sábado contou também com a participação de atletas das escolas de karatê e de kung fu, que se juntaram em apoio ao fortalecimento do esporte na região.
“A capoeira, no passado, era discriminada e, em alguns casos, continua sendo, mas a gente está quebrando esse protocolo a cada dia. Nem todo mundo sabe, mas a prática já foi prevista em código penal e, depois que foi sancionado um decreto, na época de Getúlio Vargas, através de Mestre Bimba, que foi quem levou a capoeira para o Palácio do Governo, que era no Rio de Janeiro, na época, é que a capoeira foi retirada do código penal. Quando ele retira a capoeira do código penal, o presidente diz que esse é o esporte genuinamente brasileiro. E hoje a capoeira é tombada como patrimônio cultural da humanidade, então é uma coisa nossa. A gente tem que zelar e cuidar daquilo que é nosso. Essa é nossa luta, nossa bandeira”, enfatizou mestre Nildo Morgado, que agradeceu às instâncias municipais e aos apoiadores.
O evento começou às 8h e, após a caminhada, no palco do Mercado do Artesão, foram promovidas apresentações culturais, “aulões” de dança, puxada de rede, samba de roda, peça teatral, demonstrações de artes marciais e rodas de capoeira, que se multiplicaram pelas praças percorridas.
O estacionamento da Prefeitura deu espaço à roda de capoeira de Angola, enquanto as crianças abriam uma roda no próprio Mercado do Artesão e adultos se revezavam na roda de capoeira regional, da Praça Castro Leal, na roda de capoeira contemporânea, montada no Calçadão e na roda de capoeira feminina que se formou na Praça da Bandeira.
Para Aurelice Bispo, a mestre Dandara, que veio para o evento diretamente de Salvador, a importância da iniciativa está justamente na união, na diversidade e na integração que esses encontros promovem. “É amizade, reencontro, de buscar nossos ancestrais, né? Apesar de estar chegando agora, deu pra ver a diversidade. A importância da mulher dentro da roda de capoeira é aquilo de tomar o nosso lugar. Direitos adquiridos. As pessoas usam muito a palavra ‘empoderamento’. Eu não gosto. Uso direitos adquiridos, porque é isso”, enfatizou.
A 1ª Caminhada de Impacto “O Mundo da Capoeira” contou com apoio total da Prefeitura, através da Secretaria de Cultura Esporte e Turismo (SECET), da Secretaria de Assistência Social (SEMAS), da Secretaria de Educação (SEDUC), da Guarda Municipal e da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), que acompanhou a caminhada durante todo o percurso realizado.
A diretora de Cultura do município, Maria José Oliveira, ressaltou a importância das atividades desenvolvidas e aproveitou para dizer que a capoeira faz parte de um importante registro da cidade. “Temos aqui muitos grupos formados, homens e mulheres que participam. O mestre Morgado tem um projeto há muitos anos aqui e isso é muito importante para o município. Além disso, a gente vê a cidade repleta de pessoas de outras cidades. Alagoinhas é rica em cultura de um modo geral”, finalizou.
Segundo ela, novas atividades e caminhadas de incentivo à cultura e ao esporte devem ser desenvolvidas ao longo do ano com apoio do poder público municipal.
