O Conselho Municipal de Direitos da Pessoa com Deficiência realizou ontem (21), no Dia Internacional da Síndrome de Down, uma sessão na Câmara de Vereadores para enfatizar a necessidade de se pensar políticas públicas de inclusão e acessibilidade no âmbito do município.
A sessão, que começou às 8h, se desenrolou em uma roda de conversa entre vereadores, secretários e sociedade civil. O Conselho apresentou a equipe técnica de profissionais e ressaltou a importância de discutir formas de inserção e também de levar informação para conscientizar a comunidade e acabar com o preconceito.
“Gostaria de falar como um momento de luta, porque estamos em um tempo hoje histórico em que não dá mais para pensar em pessoas com deficiência como pessoas anormais, mas como sujeitos que têm que estar inseridos na sociedade, no mercado de trabalho, nas escolas regulares”, enfatizou Leise Nonato, vice-presidente do Conselho Municipal de Direitos da Pessoa com Deficiência.
O evento contou com a participação do Secretário de Educação, Fabrício Faro, do Secretário de Assistência Social, Alfredo Menezes, e dos vereadores Luciano Almeida, Luciano Sérgio e Roberto Torres, presidente da Câmara.
Luciano Sérgio destacou a necessidade de trazer visibilidade à data como uma forma de luta e um espaço de enfrentamento. “Precisamos cobrar aquilo que é de direito e não um favor”, pontuou, e Luciano Almeida aproveitou para dizer que é preciso unir forças para acabar com o preconceito. “Pequenos gestos, quando se juntam, podem se transformar em grandes ações”, comentou o vereador.
Para o padre Fred, que também participou da sessão na última quarta-feira, é preciso dar voz às pessoas. “Quando a gente trata das chamadas ‘minorias’, geralmente a gente fala ‘sobre’ e, quando compomos as mesas, geralmente falta representatividade”, afirmou, enquanto convocava pais e chamava Rodrigo, que tem Síndrome de Down, para falar no evento realizado. Rodrigo agradeceu à mãe, aos professores e soltou logo, sem espaço para dúvidas ou ressalvas, “sou muito feliz”.
Os representantes que participaram do bate-papo ressaltaram que a Síndrome de Down não é uma doença, mas uma alteração genética causada pela presença de um cromossomo a mais, o cromossomo 21 – daí no nome “trissomia”.
No Brasil, cerca de 270 mil pessoas possuem a alteração genética, segundo dados do IBGE/2010. Em números gerais, quando se amplia o espectro, a população brasileira que possui algum tipo de deficiência alcança a ordem de 45 milhões de pessoas, ou seja, quase 24% dos indivíduos.
Em Alagoinhas, o intuito da conversa promovida pelo Conselho, segundo representantes municipais, era trazer o debate e discutir formas de melhorar a acessibilidade e a inclusão. “Não tenho um filho com Síndrome de Down, mas tenho um filho autista e sinto na pele esse preconceito. Infelizmente, o preconceito impera e a gente ver os secretários aqui é muito importante, porque eles puderam ouvir as angústias. Considero que aqui é o lugar certo para a gente possa elencar políticas públicas de responsabilidade e que venham efetivamente para as instituições, para a comunidade em geral”, comentou a professora Maria de Lurdes, que participou da sessão.
Os secretários e vereadores se disponibilizaram a buscar novas iniciativas e formas de levar informação à comunidade e o Conselho Municipal de Pessoas com Deficiência informou que vai continuar incitando o debate.
“Percebo e sinto que estamos apenas começando. Precisamos nos juntar, pessoas da sociedade civil, os representantes do poder executivo, legislativo, jurisdições, escolas, família, para que deixemos de estar falando sempre das mesmas coisas, que o sujeito pode, que é capaz, mas, quando a gente sai lá fora, a gente percebe que esses direitos não são garantidos. O Conselho é pra gente averiguar, nortear e buscar as formas necessárias, as pessoas e setores necessários que possam contribuir para o avanço e para que o sujeito com deficiência seja realmente incluído, como participante. É isso que estamos buscando”, garantiu Leise Nonato.