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Encontro de nações destaca o Dia da Consciência Negra em Alagoinhas


21 de novembro de 2019, 14:28

Foto: Roberto Fonseca

Data instituída no calendário brasileiro desde 2003, o Dia da Consciência Negra é celebrado sempre em 20 de novembro, em lembrança a morte de Zumbi dos Palmares. Feriado municipal em Alagoinhas, a data foi celebrada com um Encontro de nações no Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães.Organizado pela Comissão de Terreiros da Bahia, em parceria com a Secretaria de Assistência Social (SEMAS), o evento convocou a mobilização contra o racismo e a intolerância religiosa.

A programação no Colégio Modelo teve inicio às 9h, com falas de gestores municipais, lideranças religiosas,  representantes de entidades da sociedade civil organizada e da Federação Nacional do Culto Afro Brasileiro (FENACAB), seguidas de homenagens, com a entrega das medalhas Dandara dos Palmares, conselheira e parceira de Zumbi de Palmares na luta pela superação da escravidão no Brasil, e apresentações culturais dos grupos Mesa de Ogãs e Dance is Life.

Foto: Roberto Fonseca

O evento reuniu matrizes culturais e sociais brasileiras, como o candomblé e a umbanda, e além dos terreiros locais, representantes das religiões afro-brasileiras da capital do estado e diversos municípios compareceram em peso. O advogado Kleber Almeida, presidente da Comissão de Terreiros da Bahia, defendeu a importância do encontro. “O evento hoje reúne diversos povos e religiões de matriz africana e a comenda trata-se de uma homenagem para pessoas que se destacaram nessa luta de combate à intolerância religiosa, às pessoas de resistência, que são sensíveis à causa e a todo o sofrimento do povo negro”.

Foto: Roberto Fonseca

Pai André, do Terreiro Yle Azansum, e babalorixá há mais de 30 anos em Alagoinhas, destacou o encontro como um momento único. “Esses eventos trazem a união entre os povos de candomblé, um momento importante de encontro para conversas, e para ajudar a acabar com a discriminação, que muitas vezes ocorre entre nós mesmos. A prefeitura contribui muito para os terreiros de uns três anos para cá e com o trabalho de mapeamento, vai ser importante para saber o número de terreiros e de pais de santos que existem em Alagoinhas e região”, comentou Pai André,  um dos homenageados com a Comenda Dandara dos Palmares.

Foto: Roberto Fonseca

 

 

Foto: Roberto Fonseca

“Minha família é natural de Alagoinhas, e fico alegre em saber que o poder público aqui é atuante nas nossas causas, algo que não se via nas gestões passadas.Gostaria de agradecer ao prefeito Joaquim Neto por ter realizado esse evento para os povos tradicionais, quilombolas, povo da matriz africana. Que os orixás iluminem e protejam toda a sua família e a sua equipe”, afirmou Willian Damasceno, pai de santo do Terreiro Ilê Axe opó lufan demin, localizado no Parque são Cristóvão, em Salvador. “Pra gente é importante estar aqui, porque hoje é dia 20 de novembro, e estamos fazendo as energias se encontrarem para o nosso fortalecimento, sem contar a troca de experiências, que é muito importante”, frisou José Raimundo Lima Chaves, o Pai Pot, que veio de Santo Amaro da Purificação. Ele foi um dos homenageados com a comenda Dandara dos Palmares,  em reconhecimento ao trabalho social e cultural que desenvolve no seu município.

Foto: Roberto Fonseca

A diretora de Reparação Social do município, Dulcineide Bispo, afirmou que a ação teve como objetivo reforçar os direitos dos povos de terreiro. ” Atuamos durante o ano inteiro e o mês de novembro é período no qual intensificamos a conscientização sobre a necessidade do povo negro e das comunidades tradicionais de serem reconhecidos como parte fundamental para a formatação não só da cultura, como da musicalidade, da dança e também da liturgia”.

Foto: Roberto Fonseca

Foto: Roberto Fonseca

A presidente do  Conselho Municipal do Desenvolvimento da Comunidade Negra e Afrodescendente , Ednajara Lima, falou sobre a luta diária contra o racismo estrutural e por direitos iguais. “Ser mulher negra é enfrentar a dor, enfrentar a luta cotidiana, tentar sobreviver e seguir mais adiante. A mulher negra se levanta todos os dias para lutar de forma que outras não experimentem o que ela viveu e para que hoje pudéssemos estar aqui com o microfone na mão.É de mulheres negras o choro, mas também a liderança na busca por justiça por filhos desaparecidos e assassinados pela violência, inclusive da polícia. Precisamos lutar, antes de tudo, para que toda a sociedade reconheça o problema que é o racismo”.

Foto: Roberto Fonseca

Desde o dia 1º de Novembro, a Prefeitura, por meio da Diretoria de Reparação Racial e em parceria com a Comissão dos Povo de Terreiros da Bahia e o Conselho Municipal do Desenvolvimento da Comunidade Negra e Afrodescendente tem promovido uma programação recheada de atividades para celebrar o mês da Consciência Negra. “São momentos de reflexão sobre as questões que envolvem a situação dos negros na sociedade brasileira. Nosso objetivo é mostrar todo o legado deixado pela cultura negra e claro, ressaltar o respeito e dizer não ao preconceito”, afirmou o secretário de Assistência Social, Alfredo Menezes.

Foto: Roberto Fonseca

Em sua fala, o secretário destacou alguns avanços da gestão Joaquim Neto, na política municipal de inclusão da população negra, dentre elas, o início do mapeamento dos terreiros no município, ações nas comunidades quilombolas e o apoio à adesão do Conselho Municipal do Desenvolvimento da Comunidade Negra e Afrodescendente ao Fenapir – Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial – Sinapir. A adesão permite o repasse de recursos por meio de convênios, contribuindo para ampliar a atuação do conselho, e o primeiro passo foi dado com a inauguração da sala na Casa da Cidadania, primeira sede própria do Conselho, desde a sua fundação, em 1992, e aquisição de um veículo.

Foto: Roberto Fonseca

Foto: Roberto Fonseca

” Temos aqui  mais dois secretários, Rosana Rabelo, da Saúde e Alfredo Menezes, da Semas, mas na condição de vice-prefeita, estou representando o prefeito Joaquim Neto, que não pôde estar presente. Hoje  quero trazer o abraço, o carinho e a distinção especial que o governo municipal tem para com esta comunidade do axé e do terreiro, e dizer que estamos muitos felizes com este evento, porque Zumbi continua sendo aquele grande dia, aquele que se dedicou para mostrar que precisamos ter resistência e resistência é a nossa palavra de ordem”, disse a vice-prefeita e secretária de Cultura, Esporte e Turismo, Iraci Gama.

Foto: Roberto Fonseca

Foto: Roberto Fonseca

Foto: Roberto Fonseca

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Representante da Articulação Negra de Pernambuco, Mauro Alves de Oliveira afirmou que a marcha teve como objetivo levantar debate e incentivar a reflexão a respeito de vários assuntos relacionados ao povo negro. Segundo ele, são questões como violência e economia no país.

Precisamos mostrar que o pacote anticrime de Sérgio Morto (ministro da Justiça) é nocivo ao povo negro e para quem mora na periferia. Devemos também denunciar o genocídio de jovens e das mulheres negras, além de integrantes da comunidade LGBT”, declarou.

Sobre as questões econômicas, Oliveira ressaltou que é necessário discutir a questão de empregos e qualificação profissional dos negros. “Tudo tem relação com a discriminação”, declarou.

Para a universitária Isabela da Mata, a marcha teve um significado importante. “Fico emocionada com algumas pequenas conquistas. Podemos acompanhar crianças se reconhecendo como negras”, comentou a estudante, que levou o filho, Yadobelè, de 2 anos, para o evento.

 

 

 

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