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Sessão especial na Câmara homenageia mulheres quilombolas e reacende o debate sobre políticas públicas inclusivas, valorização da mulher e preservação da cultura


13 de março de 2019, 16:33

A Câmara Municipal e a Prefeitura realizaram, nesta terça-feira (13), uma sessão solene em homenagem às mulheres quilombolas. Mobilizada em decorrência do Dia Internacional da Mulher, celebrado no último dia 8, a sessão deste ano levantou a bandeira “Mulheres Quilombolas: pés no presente, olhos no futuro”, atentando para a valorização da mulher, para o reconhecimento da luta feminina e para a herança cultural do município.

A iniciativa contou com a participação da pesquisadora Mwewa Lumbwe, da República Democrática do Congo, que em 2014 publicou sua pesquisa sobre os principais meios de subsistência e a organização dos núcleos familiares da comunidade do Cangula, em Alagoinhas.

Mestre em Crítica Cultural pela Universidade do Estado da Bahia, especialista em Gestão Estratégica da Comunicação e Embaixadora Universal da Paz, Lumbwe fez o lançamento, na ocasião, do livro que tem como base a pesquisa realizada no Cangula e discorreu sobre a cultura popular, a resistência e a força das mulheres na luta por equidade de direitos em uma sociedade historicamente desigual.

“Conheci pessoas maravilhosas no Cangula. O que eu peguei, estou devolvendo para cá. Me identifico com as mulheres dos quilombos de Alagoinhas”, afirmou a pesquisadora.

Foto: Roberto Fonseca

Além de representantes do Cangula, estiveram presentes as comunidades do Buri, Catuzinho, Oiteiro e Tombador. A mesa da sessão solene, formada exclusivamente por mulheres, chamou a atenção para a criação de políticas públicas inclusivas e salientou a luta secular dos antepassados de comunidades remanescentes por uma cidadania plena.

Quem convidou representantes de instâncias municipais, membros de entidades, associações, professores, integrantes de coletivos e sociedade civil para a sessão foi a Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo (SECET), em parceria com a Secretaria de Assistência Social (SEMAS), cujas diretorias trabalharam na organização da homenagem, que este ano contou também com a leitura de uma carta aberta das comunidades quilombolas, pronunciamentos dos vereadores, roda de samba e show artístico com a banda Caffé Pitta.

“O lançamento do livro de uma mulher africana sobre a vida de uma comunidade quilombola de Alagoinhas se torna uma oportunidade de homenagear as mulheres quilombolas de todas as comunidades. A intenção foi realizar uma noite festiva, de integração de propósitos, de reconhecimento dos nossos valores e de nossas heranças africanas”, ressaltou a vice-prefeita e secretária municipal de cultura, esporte e turismo, Iraci Gama.

Foto: Roberto Fonseca

Para Dona Maria de Lurdes Jesus, presidente da associação do Oiteiro, o momento de compartilhamento, reflexão e discussões é necessário e oportuno para fazer valer o direito das mulheres. “Tenho orgulho da minha comunidade. As mulheres da zona rural são batalhadoras, que nunca se cansam de trabalhar para sustentar suas famílias”, enfatizou na sessão solene.

Foto: Roberto Fonseca

A moradora Cristina Carvalho, que atua no projeto premiado da Farmácia Verde do Cangula, também ressaltou o trabalho incansável das mulheres do município. “Estou muito alegre. Temos mulheres guerreiras. Trabalhamos o dia todo e, se não existisse a noite para dormir, nós continuaríamos trabalhando. Somos fortes”, pontuou.

Foto: Roberto Fonseca

Foi trazendo essa força para o centro do debate, com considerações sobre participação da mulheres na política, resistência, silenciamento histórico, cultura popular, expressões do cotidiano nas comunidades e valorização da luta feminina que a Administração Municipal e a Câmara se uniram.

Foto: Roberto Fonseca

De acordo com o prefeito Joaquim Neto, é somando esforços para a criação de políticas públicas inclusivas que se poderá acompanhar efetivamente a redução das desigualdades sociais. “Eu fui criado praticamente pela minha mãe, sei da força da mulher e da importância de reconhecermos, não apenas em uma data específica, mas no dia a dia, o trabalho, a luta e as conquistas femininas. No que se refere à cultura, temos trabalhado com o mapeamento dos terreiros e das baianas de acarajé, com o decreto que assinamos, na nossa gestão, mas sabemos que é preciso fazer ainda mais, com ações da saúde, do desenvolvimento sustentável, do fomento a iniciativas nas comunidades quilombolas. É visando à uma sociedade mais justa, que garanta os direitos do cidadão, que temos trabalhado”, afirmou o gestor.

Foto: Roberto Fonseca

Foto: Roberto Fonseca

Estiveram presentes os vereadores Ozeas Menezes, Roberto Torres, Raimundo Alves (“Gode”), Luciano Almeida, Luciano Sérgio, Francisco Ribeiro (“Thor de Ninha”) Jorge de Santana (“Jorge da Farinha”) e Raimunda Florêncio, que presidiu a sessão, além de membros do Conselho de Cultura, do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra, da Universidade do Estado da Bahia, da Rede Mundial de Étnico Empreendedorismo (EMUNDE) e da Federação Nacional do Culto Afro-Brasileiro (FENACAB/Alagoinhas).

 

 

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