O visitante que se prepara para chegar à festa tradicional de Alagoinhas pode até não estar esperando, mas o arrasta pé já começou no município do interior baiano. É que, desde a última semana, uma vila repleta de atrações recebe o público no estacionamento da prefeitura municipal, centro da cidade, com mescla de apresentações musicais, quadrilhas, comidas típicas e muito agito em um espaço que promete transportar o cidadão a uma viagem no tempo pela história de Alagoinhas.
Quem coloca os pés na entrada observa de imediato pequenas casinhas coloridas que remontam ao povoado do entorno da lagoa. Gente que encontrou, na água da região, não apenas uma forma de sobrevivência, mas de desenvolvimento.
“A vila é uma representação do que era antigamente o povoado. Alagoinhas começa com um agrupamento de pessoas em torno de uma lagoa, que hoje é conhecida como Lagoa da Fonte dos Padres, então no entorno da igreja as pessoas foram construindo as casas. De um modo geral, sempre a partir de uma capela, porque os catequistas, religiosos, que diziam querer catequizar os índios, assumiam a posição de construir uma capela e, através dela, ir dominando a situação. Aqui não foi diferente. A capela geralmente próxima da lagoa, porque a lagoa era a oportunidade de utilização da água, que era uma água de boa qualidade”, explica Iraci Gama, secretária de Cultura e vice-prefeita do município.
A professora relembra parte da história que inspirou a construção da pequena vila cenográfica e enfatiza que a preferência por artistas locais no palco de atrações do espaço se dá justamente com o intuito de valorizar a tradição e a simplicidade. “A Vila ganhou o nome de Santo Antônio da lagoinha, porque era uma pequena lagoa que existia no lugar. Depois, esse nome vai se modificando em função de outras lagoas que existiam, um pouco mais afastadas. O pessoal perguntava ‘Pra onde você vai?’. ‘Eu vou pra terra das lagoinhas’. Ou diziam ‘De onde você vem?’. ‘Da terra das lagoinhas’. Foi ficando e gerou Alagoinhas. Temos que pensar também que, naquele tempo, tínhamos a música muito simples. Era um espaço de simplicidade. Então a gente traz à tona essa história de forma simbólica e alegre ”, pontuou.
No meio do festerê, tem mingau, licor, milho, amendoim e, claro, arrasta pé que não acaba mais. Fechando a programação dos festejos que antecipam o São João tradicional da cidade, que começa nesta sexta-feira (22), na Avenida Joseph Wagner, quem provocou o agito generalizado e arrastou o trem pelo estacionamento na noite de quinta-feira (21) foi a Orquestra Sanfônica de Serrinha, a primeira do estado da Bahia, que embalou o público com os clássicos do forró pé de serra. Antes dela, tocaram Daniel dos 8 baixos e quadrilha beija-flor. E, na noite anterior, foi Birão do Acordeon que chamou o pessoal para a dança.
Se o público esperava tradição e valorização da cultura local, a Vila de Santo Antônio não apenas animou a trilha junina para o festerê como preparou o trem e colocou todo mundo pra visitar um pedacinho da história de Alagoinhas. E a Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Turismo garante que é apenas o começo: na noite de estreia da festa oficial, Luan Santana sobe ao palco e convoca toda a cidade para aproveitar a mais nova tradição da Bahia. De acordo com organizadores, apesar da mistura eclética, a grade de shows prevê que 80% das apresentações resgatem o forró pé de serra.
A programação completa do São João de Alagoinhas está disponível através do link: https://www.alagoinhas.ba.gov.br/index.php/prefeitura-divulga-ordem-de-shows-do-sao-joao-alagoinhas-2018-confira/.
CONFIRA GALERIA DE FOTOS: